Todo mundo está feliz aqui na Terra.

Saiu a autorização para a prova da Receita Federal. Pelas minhas contas, o concurso vai rolar no final do ano, coisa de começo de novembro. Demora, né? Mas é assim mesmo: sai a autorização, depois de uns meses sai o edital e então, coisa algumas semanas, a prova. Abro o calendário e circulo o primeiro fim de semana de novembro. Esquematizo meus estudos, monto novos horários com uma carga pesada de Contabilidade e Direito Tributário, matérias que me assombram há três longos anos e divido o restante do tempo pelas outras 10 matérias que costumam cair nessa avaliação. Divido-as em tópicos, estabeleço metas mensais de estudo, penduro na cortiça o cronograma de Maio ao lado do último edital, dou uma última encarada no calendário e abro uma cerveja. Espreguiço-me antes de vestir uma bermuda e calçar um tênis confortável. Pego um moletom pois a noite promete ser fria, acendo um cigarro, mato a Skol e me mando pro centro da cidade para mais 24 incríveis horas da Virada Cultural.

Taí a balada perfeita pra mim. Já falei disso, né? A ocupação absoluta do espaço público pela população que busca diversão, cultura, entretenimento ou um simples motivo pra tomar umas, encontrar outras embaladas por toda espécie de trilha sonora e sob a benção de inúmeros espetáculos comandados por artistas gringos ou tupiniquins que dividem as ruas, becos, viadutos e paredões do centro sagrado de Sampa com pessoas comuns como eu ou você. Se você olhar bem nos olhos da Virada Cultural, o Centrão é o mesmo. Lá está todo mundo: o Theatro Municipal, o Viaduto do Chá, o Largo de Santa Ifigênia, a Ipiranga com a São João, a Praça da República. Todos daquele jeitão de centro, manja? Estão, como sempre, repletos de figuras, de vida, de histórias e de acontecimentos prontos para rolarem. Só que na Virada, eles se vestem de gala pra receber todos que ali chegam para a mais pura curtição. Qual é a sua, meu chapa? Rock? Brega? Samba? Teatro? Cinema? Dança? Andar sem rumo certo? Ou tudo ao mesmo tempo agora? Seja bem vindo amigo, fique a vontade menina. Sinta-se no centro do mundo e descubra que São Paulo é algo bem mais legal e mais significante em sua vida que as baladas nos Jardins, os bares da Vila Madalena, o samba da Casa Verde, a periferia do Capão Redondo ou as mansões do Morumbi. Dá uma boa olhada e curta o que puder pois no Centrão rapaziada, São Paulo é infinita.

São São Paulo, meu amor.

Perdi o show do Tom Zé no Municipal. Mas achei uma Raulzera violentíssima à sombra do relógio da Luz, uma Camisa de Vênus pra lá de surrada no fim da República, bombeiros frenéticos tocando fogo na pista em frente à Bolsa de Valores, um cara tocando Hendrix numa sitar indiana, Velhas Virgens bombando putarias. um cara dançando suavemente com uma escavadeira no meio do Anhangabaú e o Reginaldo Rossi rogando praga no Curintia em cima de uma plantação de abacaxi em pleno Largo do Arouche.

Parece lisérgico, mas é de verdade. É a Virada Cultural.

E pronto. Tô renovado para a esticada fatal até aquele fim de semana de novembro, já circulado em meu calendário.

6 pensamentos sobre “Todo mundo está feliz aqui na Terra.

  1. Queridão, especial mesmo é viver essa Sampa na companhia de vcs!!! ADOREI!!!! Voltei renovada, obrigada!!! beijo enoooorrrmeeeeee

  2. quem diria hein, todo esse amor pela city depois daquele depoimento, 13 anos atras! auhauhaua
    sorte e fe ai nos estudos!
    torcendo por vc
    tha

  3. Ainda que seja de virada em virada… Viva a diversidade e a possibilidade dessa vivência. Particularmente universal… Assim é São Paulo.

  4. Alexei,
    parabéns pelo blog. está ótimo. Há tempos queria conhecer, mas não tinha um momento oportuno, Hj consegui
    sua parente,
    Elizete

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